🎏 cobertura de festivais
26º festival de tiradentes
Chegou ao fim, neste último sábado (28/01), a 26ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, a primeira edição presencial do evento desde 2020. A edição deste ano trouxe como tema e homenagem o “Cinema Mutirão”, uma aliança entre os trabalhadores independentes do Cinema Indígena e do Cinema Periférico.
Entre os principais eventos da edição, o inédito Fórum de Tiradentes reuniu dezenas de profissionais do audiovisual com o intuito de traçar um diagnóstico do atual estado do cinema brasileiro. Os trabalhos do Fórum, que perduraram por 4 dias, tiveram como produto a Carta de Tiradentes, um documento reunindo demandas ao recém-ressuscitado Ministério da Cultura – entre elas: políticas de fomento e promoção de acesso à cultura, a regulação de plataformas de streaming e o estabelecimento de um sistema nacional de preservação do audiovisual brasileiro. Para além das demandas, a carta ressalta o sucateamento premeditado do setor pelo governo Temer e Bolsonaro:
Dentre as artes, uma das mais afetadas, perseguidas e quase que totalmente paralisadas está o audiovisual brasileiro independente. Da organização institucional à preservação, passando pela formação, produção, distribuição e exibição, não houve área do audiovisual imune ao ímpeto destrutivo da última gestão do Estado brasileiro. A pulsão de morte típica dos regimes nazifascistas, que se abateu sobre o país e o setor cultural, se materializou em acontecimentos trágicos, como os recentes e furiosos ataques às sedes dos poderes da República, e as chamas que consumiram filmes e documentos no incêndio de um dos depósitos da Cinemateca Brasileira.
Sem anistia e sem queima de arquivo! Viva a democracia! Viva o audiovisual brasileiro!
– Excerto da Carta de Tiradentes, publicada na última quarta-feira (25/01).
Ainda sobre a Carta, vale conferir a análise publicada pelo crítico Inácio Araújo na Folha de SP, que para além de comentar brevemente os premiados do festival, examina o que podemos tirar da ocasião do Fórum e suas requisições ao MinC.
Quanto aos premiados – na mostra Aurora, o Júri Oficial declarou como melhor filme o documentário As Linhas da Minha Mão, do diretor mineiro João Dumans. Enquanto isso, na Mostra Olhos Livres, o “Júri Jovem” concedeu o Troféu Carlos Reichenbach ao filme O Canto das Amapolas, da diretora Paula Gaitán. Não deixe de conferir a lista completa dos premiados da mostra no site oficial do Festival de Brasília!
Os críticos João Paulo Campos e Ana Julia Silvino, da revista ‘Multiplot!’, e o crítico Pedro Henrique Ferreira, da Revista Abismu, fizeram coberturas do festival, redigindo textos sobre o filme vencedor As Linhas da Minha Mão, além de outros filmes de destaque da mostra, como Cervejas no Escuro, de Tiago A. Neves, e CAIXA PRETA, de Bernardo Oliveira e Saskia.
45º festival de sundance
Já em território estrangeiro, tivemos o encerramento da 45ª edição do Festival de Sundance neste domingo (29/01). Um dos eventos mais importantes do cinema internacional, Sundance dá um panorama do que podemos esperar para lançamentos do cinema independente americano para o restante do ano.
Na mostra competitiva nacional, o filme vencedor por melhor longa de ficção foi A Thousand and One, da diretora A.V. Rockwell, enquanto a estatueta de melhor documentário foi para Going to Mars: The Nikki Giovanni Project, de Joe Brewster e Michèle Stephenson. No plano internacional, o prêmio de ficção foi para Scrapper, da inglesa Charlotte Regan, e o de documentário foi para The Eternal Memory, da chilena Maite Alberdi.
Entre os premiados também tivemos a presença de uma brasileira – a diretora de fotografia Lílis Soares foi premiada por seu trabalho no longa nigeriano Mami Wata, de C.J. Obasi. Confira a lista completa dos premiados no site oficial do Festival de Sundance!
📝 ensaios e entrevistas
entrevistas da semana
M. Night Shyamalan, New Yorker: Aproveitando o lançamento de seu novo filme, Batem à Porta, que teve sua estreia mundial ontem, a New Yorker fez um perfil de Shyamalan, onde o mesmo fala sobre cada um dos filmes de sua filmografia e os desafios que percorreu durante sua carreira, além de breves comentários sobre a sua última produção.
Jia Zhangke, Metrograph: O cineasta fala sobre as dificuldades impostas pela pandemia, sua inspiração no cinema neorrealista italiano e nas teorias fílmicas de André Bazin, e um pouco da história por trás de sua filmografia e do próprio cinema chinês.
Alice Diop, The Guardian: Num perfil pela The Guardian, a realizadora francesa de Saint Omer destaca suas aspirações em fazer cinema e suas maiores inspirações no cinema contemporâneo.
Lav Diaz, Notebook: O cineasta filipino fala sobre seu mais recente filme, o thriller Quando não há mais ondas, exibido recentemente na última edição do Festival do Rio.
Mia Hansen-Løve, Screen Slate: A diretora francesa fala sobre seu novo filme, One Fine Morning, e o seu trabalho com a atriz Léa Seydoux.
🤔 o que assistir nesse final de semana?
cinelimite (gratuito): Paulo Gil Soares
A Cinelimite disponibilizou ontem o documentário Memória do Cangaço (1965) do diretor brasileiro Paulo Gil Soares.
Sinopse: Em 1936, o mascate árabe Benjamin Abrahão consegue filmar o famoso bando de Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião". As imagens se misturam às entrevistas com alguns cangaceiros que sobreviveram ao período. De outro lado, depoimentos do Cel. Rufino, matador confesso de 20 cangaceiros, e do cabo Leonício Pereira, que cortava as cabeças dos cangaceiros "para que fossem tiradas fotografias".
Duração: 29 minutos. Disponível por duas semanas (18/02).
mubi ($): Charlotte Wells
A MUBI disponibilizou nesta terça-feira (30/01) o filme Tuesday (2015), primeiro curta-metragem de Charlotte Wells, diretora responsável pelo recente Aftersun.
Sinopse: Allie, uma jovem de 16 anos, visita o pai toda terça-feira. Durante o dia, ela suporta uma série de encontros embaraçosos com familiares e amigos antes de chegar no apartamento do pai, onde o silêncio de uma casa vazia quebra sua rotina.
Duração: 11 minutos. Disponível até início de março.
🍿 links de interesse
📼 Essa terça-feira (31/01) marcou o aniversário de 25 anos do filme Ringu (1998), de Hideo Nakata [trailer do filme].
🧐 A atriz Andrea Riseborough correu o risco de ter sua indicação ao Óscar de Melhor Atriz invalidada. A campanha de publicidade responsável por garantir a nomeação pelo seu papel em To Leslie foi investigada por supostas violações de regras da premiação [artigo].
🔝 A BFI finalmente liberou a lista completa dos 250 filmes da enquete de melhores de todos os tempos publicada pela Sight & Sound no ano passado. Apenas dois filmes brasileiros entraram, os dois empatados no 211º lugar – Cabra Marcado para Morrer (1984) e Limite (1931) [site].
⛓️ Jafar Panahi, diretor iraniano responsável pelo recente Sem Ursos, anunciou que está passando por uma greve de fome em protesto contra seu encarceramento. Jafar foi preso pelo governo iraniano no julho de 2022 por protestar contra a prisão de seu colega cineasta Mohammad Rasoulof. Jafar enfrenta uma pena de 6 anos [artigo].
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